Uma multidão composta por centenas de músicos, fãs, amigos e curiosos participou da 14ª Procissão das Sanfonas no Piauí. A tradicional procissão estava suspensa desde o início do distanciamento social causado pela pandemia do Covid-19.

A volta presencial foi retomada em grande estilo e teve como mote uma homenagem aos 75 anos da música ‘Asa Branca’, de Luiz Gonzaga, e os 80 anos do cantor e compositor Gilberto Gil. 

A concentração aconteceu na Catedral de Nossa Senhora das Dores, na Praça Conselheiro Saraiva, depois seguiu em caminhada até o Museu do – Casa de Odilon Nunes.

Cuidar dos músicos

O padre Antônio Cruz, que celebrou a cerimônia na catedral, explicou que este ano o tema da procissão foi ‘Cuidar dos Músicos’. 

Segundo ele os artistas despertam nas pessoas esperança, mas precisam de cuidados ao doarem tudo de si:

“Nós precisamos cuidar deles para que ele possa cada vez crescer em criatividade e reencantar o mundo, que precisa de encantamento. A sensação de retornar com a procissão presencial é uma alegria”, declarou o padre.

Dois gigantes da música homenageados

Os artistas celebraram dois dos maiores ícones da musicalidade brasileira, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga e o cantor e compositor Gilberto Gil, que completou 80 anos no dia 26 de junho.

A procissão faz essa celebração do aniversário de Gilberto Gil porque o artista foi um dos maiores divulgadores do trabalho de Luiz Gonzaga. 

Muitos não sabem, mas Gil trabalhou com Luiz Gonzaga, inserindo o Rei do Baião na cena cultural do Brasil ainda na década de 60, quando ‘Gonzagão’ era considerado idoso demais.

Gilberto Gil, Torquato Neto e Caetano Veloso puxaram Luiz Gonzaga para o centro das atenções através do movimento Tropicalismo, na época um grande movimento revolucionário da arte no país.

A música homenageada foi Asa Branca que, mesmo ao completar 75 anos ainda é um sucesso – praticamente um hino na voz de todo nordestino. 

Sanfoneiros profissionais comemoram o evento

Segundo o sanfoneiro Vagner Ribeiro, um dos participantes da festa, Asa Branca “não é um arranjo só, ela faz parte de um coletivo, de uma harmonia que a gente pode chamar de nordestina, que os gregos chama de mixolídio”. 

Ele explica ainda que Asa Branca também é “a expressão do povo na religiosidade” e que, por esse motivo, essa música “é um coletivo de sentimentos”.

O professor de sanfona Luís Marcos, que também é um jovem sanfoneiro, participou todos os anos da procissão e afirmou que muitos iniciantes da música começam a aprender a tocar a sanfona, por exemplo, com a música Asa Branca, pelo seu caráter especial.

Outro músico, Vicente Fisgueira, de 63 anos, toca sanfona desde os 16 e este ano resolveu participar da procissão ao lado da filha Antônia Karolany, de 8 anos. 

Antônia não estava ali só pela curiosidade, pelo contrário! Ela toca sanfona desde os 3 anos de idade. “Estou amando tocar aqui pela primeira vez. Quero seguir os passos do meu pai”, declarou.

Personagem do especial ‘Falas Femininas’, da Rede Globo, a sanfoneira Maria Sebastiana agradeceu pela participação na procissão. 

Ela conta que desde os 11 anos divide a sanfona com a enxada no sertão piauiense, mas que o instrumento é sua grande companhia.

“Só felicidade, saudades dos fãs e dos amigos. Estamos de volta com esse evento maravilhoso”, comentou.

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Fonte e crédito das fotos: Lívia Ferreira – Site G1 – Piauí