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A história que vamos contar aqui começou há mais de 100 anos. O personagem principal é Júlio Dias, que nasceu e viveu na cidade de Dom Inocêncio, um pequeno município brasileiro do estado do Piauí, com pouco mais de 10 mil habitantes.

O que há de tão interessante numa cidade do interior tão pequena? Simplesmente ela é considerada hoje em dia como a Capital nacional dos Sanfoneiros!

Por incrível que pareça Dom Inocêncio é o município do Brasil que tem mais sanfoneiros por metro quadrado que qualquer outra região desse imenso país.

Em Dom Inocêncio não é difícil encontrar um sanfoneiro, pelo contrário. De acordo com a última estatística feita em 2018 a cidade tem 1 sanfoneiro para cada 35 habitantes!

O começo de tudo

O Sr. Júlio Dias foi músico desde jovem e morava nesta cidade muito antes de ela ser emancipada, em 1988. Como essa história já tem um século, quase tudo o que se sabe sobre nosso personagem é contato de boca em boca, principalmente pelos moradores mais antigos.

Todos afirmam, por exemplo, que Júlio Dias foi o primeiro sanfoneiro da região e, portanto, era unanimidade. Todo e qualquer evento festivo ou religioso quem estava lá portando uma sanfona? Ele mesmo, Júlio Dias.

Do casamento ao velório, do batizado ao aniversário, do bailão às noites solitárias em profundo mergulho interior – não importava o momento – o som da sanfona de Júlio era ouvido à distância.

O legado de Júlio Dias

O primeiro sanfoneiro da região não poderia deixar sua arte morrer com ele. Seu ofício foi passando de geração em geração. Cada vez mais pessoas o procuravam para aprender a dominar o instrumento, cantar e até compor novas músicas.

Com o tempo a cidade começou a atrair pessoas de outras regiões e, como não poderia ser diferente, virou projeto social.

Surge outro personagem importante

Agora está na hora de incluir um segundo personagem fundamental nessa história. Conforme a idade de Júlio Dias foi avançando a família de um outro grande artista local deu continuidade ao feito. Sandrinho do Acordeon e vários de seus familiares tocaram o projeto, por isso nunca mais a cidade deixou de ser o celeiro de grandes músicos e aprendizes.

Com o empenho da família do Sandrinho a sanfona se tornou um símbolo importante da cidade, além de um ícone em todo o estado do Piauí. Ser sanfoneiro não é uma opção comum, é um costume profundamente vinculado à cultura local e ao imaginário de jovens e adultos, homens e mulheres.

O projeto foi mantido vivo até hoje

Juntamente com o pai e os tios, Sandrinho fundou o “Acordes do Campestre”, projeto social que ensina a arte da sanfona para crianças e jovens da região.

Antes da pandemia, quando estava a todo vapor, o projeto atendia a 240 jovens de 6 a 15 anos, que estudam a sanfona e outros instrumentos relacionados ao forró, como o triângulo e a zabumba.

No momento em que escrevemos essa história a pandemia do Covid-19 ainda não acabou, mas – felizmente – muita coisa está voltando ao normal. Com certeza as aulas continuarão para a alegria de tantos alunos e para a nossa satisfação!

Conheça a ‘Terra da Sanfona’ no Piauí
A paixão pelo instrumento é visível logo que se entra na cidade uma escultura de uma sanfona, com cinco metros de altura, recebe os visitantes. — Foto TV Clube

A sanfona transformando vidas

Sim, a sanfona é um sofisticado instrumento de teclas e foles. À primeira vista ficamos um pouco assustados com tanta coisa a estudar e praticar até que possamos “tirar” um som.

Mas, a história inspiradora de Júlio Dias, um autodidata que há 100 anos se dedicou e expandiu essa arte, além da persistência e boa vontade de Sandrinho e sua família, servem de motivação para qualquer um de nós que sonha em dominar esse incrível instrumento. Não depende de idade nem de gênero. De Norte a Sul desse Brasil qualquer um que tenha o sonho de tocar sanfona pode realizar seu projeto!

A sanfona se tornou fonte de cultura e renda para várias famílias da cidade de Dom Inocêncio. Carrega nessa bagagem alegrias e realização de sonhos. A cidade recebe hoje, merecidamente – o título de Capital da Sanfona no Brasil.

Segundo Sandrinho, o que não falta na cidade é gratidão pelo instrumento. Terminamos essa história com uma frase dele:

“Temos uma fala do Mestre Dominguinhos que disse, que a sanfona foi a salvação da lavoura da família dele. E eu costumo dizer que foi a salvação da nossa família também. Tudo que a gente é hoje agradecemos à sanfona.”

SERVIÇO:

Você tem o desejo de aprender ou aprimorar o toque da sanfona? Saiba que é perfeitamente possível aprender tudo online. Com a ajuda do musicista e professor Rafa Vanazzi você pode descobrir uma maneira prática e ao seu alcance de começar a tocar profissionalmente. Clique aqui para saber mais.

 

 

 

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